CONVERSAS DE ESCRITOR
Como sempre acontece em época de eleições, ou quando se fala em rever o irrelevante serviço público prestado pela RTP, a empresa chega-se à frente, contrariada, e avança um programa de livros. Num canal secundário, claro, que a RTP1 está ocupada a promover o pimba.
Neste caso, o apresentador de telejornal, ao coincidir com o entrevistador do programa, chamou a atenção para ele. Ainda bem, por um lado.
Por pudor e vontade de conservar a sanidade mental, não vou dizer muito sobre a coisa. Apenas que se houvesse dúvidas sobre a qualidade de escritor do apresentador de televisão, elas ficariam esclarecidas. A forma ignara, mas sinceramente interessada como perguntou a Ian McEwan como é que ele fazia para se pôr na cabeça das personagens mulheres, e a sua insistência na questão, e se o outro teria pesquisado o assunto,não poderiam ser mais eloquentes. Ian McEwan, que deve estar habituado à asneira, lá foi esclarecendo, sensatamente, a criatura. O apresentador não só não tem um pingo de talento para a escrita, do ponto de vista formal, como não faz ideia da forma como um escritor a sério "pensa".
É o tipo de demonstração de ignorância e falta de autoconhecimento que me deixam entre a indignação (porque está a ganhar uma fortuna, paga pelos contribuintes, mensalmente, como prémio por ser péssimo) e a vontade de chorar.
José Rodrigues dos Santos não revela um pingo de inteligência ou qualquer conhecimento sobre o acto da escrita. Mas o pior é que nem sabe disso.
E o programa é igual a ele.
Tal tristeza...
ps: dizem-me que este senhor é exigente com os alunos a quem "ensina". É sempre assim, quanto menos se sabe mais se pede aos outros.
5 comentários:
Quando vi que era ele a conduzir a entrevista, percebi que não iria resultar.
Lourenço Cordeiro também escreveu sobre este assunto:
http://complexidadeecontradicao.blogspot.com/2009/08/um-pedido-de-desculpas-ian-mcewan.html
O JRS não é aquele que acha que é escritor? Hehehe
Discordo totalmente.
Era bem fácil de ver que o JRS estava a fazer perguntas para os telespectadores, por temer ter uma audiência mais popular, foi um perguntador óbvio, não há qualquer obstáculo à compreensão disso, caro P. C..
Imprecar a fortuna alheia faz suspeitar que o seu juízo tenha daquelas motivações custosas de confessar, errei?
Jorge Pimenta
(Perante a grandiosa bonomia do senhor McEwan, notar tão intensamente as arestas é como assistir a todo o carnaval e só reparar nas unhas por cortar de um batuqueiro.)
Ok. Como tenho a mania de não criticar sem saber do que estou a falar, comprei e tentei ler "O Sétimo Selo" (penso que é este o título do último livro de JRS). Assumo, desde já, a minha tolice: devia ter-me sentado na FNAC e lido as primeiras páginas, antes de me decidir pela compra... Isto tudo para afirmar que aquilo é abaixo de cão. Fiquei pelas primeiras páginas. A entrevista não me surpreendeu. Mesmo correndo o risco de ir contra a generalidade das opiniões, para mim, JRS é um jornalista limitado e pouco cuidadoso quer do ponto de vista formal - entre outras "pérolas",há anos que o ouço dizer "isto tem a haver..." -, quer quanto a conteúdos...
Comecei a ver a entrevista mas mudei várias vezes de canal por me sentir envergonhada com a figura que ele estava a fazer... mal preparado, perguntas completamente tolas...
Foi triste.
Nunca li nada do Santos, mas assisti a partes da entrevista e também a achei um bocado estranha. Sobretudo quando ele insistia mais nas perguntas tolas, com um entusiasmo quase infantil!! Lá por ter supostamente uma audiência mais popular, não quer dizer que se afine o nível por baixo!
Mas não faz mal, porque o Mc Coiso safou-se bem, respondendo como podia (talvez já lhe tivessesm dito que o povo português, ou pelo menos uma boa parte dele teria um q.i. q.b. ...)
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